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Março Borgonha - Finalizando o Mês de Conscientização do Mieloma Múltiplo

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Março Borgonha - Finalizando o Mês de Conscientização do Mieloma Múltiplo

Terapia celular

Completando nossa revisão sobre o Mieloma Múltiplo (MM), este nosso último post irá abordar um tema bastante inovador e promissor.

Trata-se do tratamento baseado em Imunoterapia. Esse conceito não é novo em onco-hematologia e na oncologia geral, visto que desde a década de 50, Macfarlane Burnet propôs o conceito da importância da vigilância do sistema imunológico em reconhecer e destruir células “transformadas” antes que elas se transformassem em tumores e de eliminá-los depois de formados. Já no século 19, William Coley fez uma observação clínica relevante ao notar o desaparecimento de um tumor no pescoço de um paciente quando este teve seu sistema imunológico ativado por uma infecção.

Portanto, nosso sistema imunológico é vital para o desenvolvimento e controle das neoplasias.

E como podemos utilizá-lo com parte do armamentário anti câncer? Ativando células específicas que são responsáveis por identificar e destruir as células “anormais e/ou cancerígenas” e/ou melhorando a regulação do sistema imune.

Uma das inovações mais recentes em onco-hematologia é o surgimento das células CAR T Cell (chimeric antigen receptor T cell) – são linfócitos T (um tipo de glóbulo branco que atua na linha de frente na guerra imunológica) modificados em laboratório, onde são colocados receptores quiméricos (como “braços biônicos”) que identificam melhor as células doentes e desencadeiam de forma intensa o processo imune fisiologicamente esperado.

O desenvolvimento e produção da terapia celular ocorreu na última década pois, embora o conceito não fosse novo, só recentemente tivemos os avanços tecnológicos necessários para a manufatura e desenvolvimento dessa imunoterapia. As células CAR T podem ser produzidas IN HOUSE, em laboratórios avançados ligados principalmente a universidades ou em processos industriais, ligados à indústria farmacêutica. As células podem ser obtidas a partir das células dos próprios pacientes (autólogas) ou serem derivadas de doadores (alogênicas).   

Até o momento, há mais de 100 estudos clínicos registrados no Clinical Trials, avaliando o uso de terapias celulares em MM. Recentemente foi aprovada pelo FDA e EMA, agências regulatórias dos EUA e Europa, o uso de CAR T Cell em Mieloma Mútiplo. Ontem, tivemos a aprovação pela ANVISA, do uso de uma terapia CAR T específica para MM no Brasil (Ciltacabetagene autoleucel - cilta-cell).

Esses tratamentos são dirigidos à pacientes em fases avançadas da doença, que falharam às terapias anteriores. Os resultados encontrados nos estudos iniciais, entretanto, são altamente promissores, com resultados tão positivos que, no futuro, espera-se que eles sejam migrados para fases mais precoces do tratamento.

O caminho ainda é longo, existem efeitos colaterais sérios que precisam ser manejados por equipes especializadas e há o grande desafio do acesso a uma terapia que é muito dispendiosa. Mas o caminho já existe e é promissor, aos poucos vamos trilhando o caminho da cura do MM.

Texto elaborado pela Dra. Maria Cristina Martins de Almeida Macedo, médica Hematologista e especialista em Transplante de Medula Óssea da Bio Sana's e responsável técnica do TMO do Leforte Liberdade da rede DASA.

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