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O Papel do Enfermeiro na Leucemia Cutânea (Leucemia Cútis)

O Papel do Enfermeiro na Leucemia Cutânea (Leucemia Cútis)
O Papel do Enfermeiro na Leucemia Cutânea (Leucemia Cútis)

As leucemias são doenças onco-hematológicas que podem apresentar manifestações cutâneas extramedulares, então denominadas leucemia cútis (LC).   

A LC ocorre pela infiltração das células leucêmicas na epiderme, derme ou subcutâneo.  Apresenta baixa incidência, estima-se que entre 2% à 10% de todos os pacientes com leucemia apresentarão acometimento cutâneo secundário. Este percentual pode variar conforme o tipo de leucemia, sendo mais comum na leucemia mieloide. Raramente se apresenta com comprometimento cutâneo isolado, sem manifestações no sangue e na medula óssea, o que é chamado de leucemia cútis “aleucêmica”.

Portanto, estas lesões podem preceder, ser concomitantes ou suceder o diagnóstico da neoplasia, podendo ser em alguns casos, um sinal de recaída de neoplasias mieloides.  Isto justifica a importância do detalhado exame da pele destes pacientes por toda a equipe multidisciplinar, em busca de alterações cutâneas que possam representar infiltração neoplásica, podendo antecipar o diagnóstico sistêmico.

O diagnóstico da lesão sempre precisa ser confirmado por biópsia de pele seguida pelo exame anatomopatológico e imuno-histoquímico. A identificação desse tipo de lesão extramedular auxilia na tomada de decisões em relação ao tratamento, que, se precoce, tem chance de alterar o prognóstico.

Clinicamente, as lesões não são patognomônicas (sinal que caracteriza a doença), podendo ser polimórficas, únicas ou múltiplas, surgem em qualquer região corporal, mas raramente são descritas na região palmoplantar.

Segundo alguns autores, a infiltração cutânea ocorre preferencialmente em locais com inflamação ou infecção cutânea prévia. 

As lesões apresentam-se como nódulos, placas e pápulas de consistência variadas, normalmente são firmes, de diversos tamanhos e coloração acastanhada, eritematosa e/ou violácea, muitas vezes purpúricas pela trombocitopenia que acompanha o quadro. 

A forma aleucêmica é descrita como difusa e papulonodular.

As lesões cutâneas são geralmente assintomáticas; poucos doentes relatam dor ou prurido.  A localização e distribuição também não se correlacionam a qualquer tipo celular específico da LC.

A mucosa oral também pode ser afetada, frequentemente com hiperplasia gengival, muitas vezes hemorrágica, podendo evoluir para necrose.  O acometimento mucoso é visto especialmente na LMA principalmente nos tipos mielomonocíticos.

Entre crianças, observa-se a LC em 1/3 dos casos de leucemia sistêmica, principalmente nas formas congênitas, sendo a LMA, o tipo de leucemia mais associada à ocorrência da LC neste grupo.

As lesões de pele e mucosas costumam acarretar muito desconforto aos pacientes, podendo comprometer fortemente sua qualidade de vida. 

A proximidade do profissional enfermeiro ao paciente durante a execução de seus cuidados, que se estende pelas 24 horas aos pacientes internados, lhe permite observar detalhadamente toda a extensão corporal e detectar precocemente os sinais de alterações cutâneas e colher os sintomas e impressões do paciente. Recomenda-se o uso de ferramentas objetivas, como mapeamento fotográfico, para melhor registro e monitoramento da evolução das alterações cutâneas.

O compartilhamento ágil destes achados com a equipe multidisciplinar, propicia intervenção terapêutica precoce, minimizando riscos, complicações e maior sofrimento do paciente e familiares. Em alguns casos, podendo até, favorecer seu prognóstico.

Os enfermeiros têm papel importante na educação dos pacientes onco-hematológicos e seus familiares, orientando-os quanto às suas alterações cutâneas e necessidade de cuidados específicos que promovam melhora das condições da pele e do desconforto do paciente.

Cabe ao enfermeiro, implantar cuidados tópicos de higienização, hidratação e proteção cutânea apropriados à pele fragilizada, garantindo assim, as características do manto hidro-lipídico da pele do paciente e a manutenção de sua integridade cutânea.

Importante destacar o papel educativo do enfermeiro, na orientação ao paciente capaz de realizar seu auto-cuidado, ou a seus familiares e cuidadores, quando necessário.

Acompanhando a constante evolução da tecnologia, o enfermeiro deve garantir as melhores escolhas dos agentes tópicos, recursos e dispositivos médicos que entram em contato com a pele destes pacientes, devido sua sensibilidade e risco de complicações secundárias. Aqui, o enfermeiro pode contribuir na padronização dos produtos preventivos e para tratamento das lesões cutâneas, além de orientar ao paciente/familiar sobre seu uso no ambiente domiciliar.

Promover o cuidado da pele, especialmente diante de uma patologia oncológica, contribui não apenas na melhora da sintomatologia e prevenção de riscos de complicações, mas na aparência e auto-imagem, contribuindo positivamente no bem estar e integridade dos indivíduos.

 

REFERÊNCIAS

Souza PK, Amorim RO, Sousa LS, Batista MD. Dermatological manifestations of hematologic neoplasms. Part I: secondary specific skin lesions. An Bras Dermatol. 2023; 98:5–12.

Gasparini KT et al Infiltração por leucemia mieloide aguda na pele: relato de caso. Diagn Tratamento. 2018;23(3):85-9.

 

Redigido por :

Lina Monetta Silva

Enfermeira Dermatológica

Diretora de Enfermagem da Clínica BIO SANA’S

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